quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Café Royal XLVII

Fim da Utopia?

Um dia os historiadores dirão que foi a maior Utopia do século. O Estado Social, nascido da devastação da guerra, mas alicerçado na luta liberalismo vs. socialismo, visava garantir a paz e o bem-estar, colocando o Estado, ou a governação, como garante das necessidades elementares da população - Educação, Saúde e Trabalho (ou welfare na aceção anglo-saxónica). Um estado, não necessariamente igualitário, mas, fundamentalmente comunitário, onde, independentemente das diferenças entre as pessoas, o bem-comum é a argamassa que nos une, em sociedade. Estará o Estado Social morto? Olhando os sinais, somos tentados a pensar que sim. Corrupção, desigualdades, insegurança, desemprego, especulação financeira, individualismo, egoísmo, etc. São inúmeros e assoberbantes os ingredientes da sopa cultural em que vivemos e que indiciam o estado moribundo desse ideal. Neste tempo de supremo egocentrismo, a razão de ser de cada um é ele e não o outro. A governação é eleitoral. Os interesses corporativos sobrepõem-se aos comunitários. O capital extingue o humano. Insuflados de nós próprios, deixamos de cuidar da Terra e uns dos outros, esquecendo que, e citando John Donne, “nenhum homem é uma ilha, cada homem é um pedaço do continente, estamos todos envolvidos na humanidade”.

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