quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Café Royal XLVI

No Café,

a malta não tem Twitter. Não surfa a rede e emprenha pelas redes sociais. No café, entre duas minis e um pingado, a malta olha os dias entrecortados de chuva e sol e sente a mudança do clima na força do mar que bate nas rochas. Não são precisos vídeos do Youtube para perceber a seca ou a chuva que já não chega na estação certa. No café, o Panteão é o da memória. Das histórias partilhadas que fazem viver os exemplos dos que nos precederam. Das imagens que se guardam e se transmitem pelas gerações. No café não há sarcófagos invioláveis e estátuas sacralizadas, como nas mais inefáveis ditaduras. No café, a malta espreita os rodapés dos noticiários e suspira. Que país este em que se perdem dias e horas a debater o supérfluo. Onde pessoas, na sua desgraça, são selfies para um presidente que fez da vaidade um argumento político. Onde o primeiro-ministro não se sabe dar ao respeito de não mentir e, principalmente, não governar pelo vento do Facebook. Onde se consegue auditar um Orçamento em 48 horas e secretários regionais resumem as nossas vidas a mais ou menos milhões de questionáveis investimentos, como se as nossas vidas se pudessem resumir a meros cifrões feitos lápides no cemitério árido da eleitoralice…

Sem comentários: