quinta-feira, 20 de julho de 2017

Café Royal XXIX

Classismo

Quando se pensava que a estação tonta não iria chegar este ano, queimada pelas desgraças que assolaram o país, eis que ela chega pela boca de um tal de Sr. Ventura, de Loures e da CMTV… O Sr. Ventura, para alimentar a sua candidatura autárquica, decidiu lançar umas atoardas sobre os ciganos e pegou fogo sobre si próprio. Do que se tem dito sobre esta pueril polémica há uma coisa de que discordo. O Sr. Ventura não é racista, não é esse o preconceito que o mina. É o de classe. O que incomoda o Sr. Ventura não é a cor da pele ou do cabelo, o idioma, ou o salero. É a ideia da pobreza. O Sr. Ventura não gosta de pobres e para ele os ciganos representam essa classe baixa que lhe incomoda e que ele acredita ter que ser posta na ordem. Em boa verdade o povo português não é, nem nunca foi, racista. A maior dádiva de Portugal ao mundo não foi a pimenta, nem o planisfério. A maior criação da portugalidade foi a mulata. Algo que só um povo intrinsecamente não-racista poderia criar. Mas se há coisa que os portugueses têm de sobra, infelizmente, é o preconceito de classe. Só que o que os portugueses muitas vezes confundem é que os sinais exteriores de riqueza podem ser enganadores. Não é com piscinas e BM’s que se avalia a fortuna. Qualquer povo perseguido sabe que as piscinas não são facilmente transportáveis de um país para o outro. A cultura, como o ouro, são o bem mais precioso de um povo e isso os ciganos têm para dar e vender… quer uma, quer outra…

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