sexta-feira, 12 de maio de 2017

Café Royal XIX

O Fantasma

No Porto, após 4 anos de idílica comunhão de bens, Rui Moreira e o PS acordaram um divórcio amigável. Depois de, pela voz da sua secretária-geral-adjunta, o PS ter vindo a público dizer que quem usava as calças lá em casa era o seu partido, Rui Moreira, bem, não se ficou e pontapeou os socialistas para fora da cama. Até aqui nada de anormal, é política, mas, Rui Moreira não ficou por aqui. O autarca puxou da culatra da ameaça centralista para justificar a separação, acusando o PS de estar a “condicionar a partir de Lisboa”. Ora, é exactamente aqui que a coisa se torna séria. Quando dá jeito, reclama-se da capital o investimento e a intervenção, mas, quando não, agita-se com pujança o estandarte do regionalismo e a “questão centralista”. A verdade é que esta só existe porque as regiões o permitem e, em certa medida, o exigem. Sempre que reivindicam que o centro pague o custo da sua existência, as periferias estão a legitimar que este abuse do seu poder. Essa é que é a verdadeira “questão centralista”. Porque quanto mais autónomas e independentes forem as regiões, seja a que nível for, económico, cultural, político, etc. menor será a sua vertigem centralista e muito menos frequentes serão as sinistras aparições desse fantasma chamado centralismo que tão enraizado está no coração deste país.

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