quinta-feira, 13 de abril de 2017

Café Royal XV

Que futuro?

O fundamento mais profundo de toda a cultura é o exemplo dos que viveram antes de nós. Exemplo prático, exemplo cultural, exemplo vivo. Somos o que vivemos, mas somos tanto ou mais o que lemos, vemos e aprendemos. Em livros, quadros, filmes, na educação, em formas múltiplas de leitura e de interpretação dos legados da história, da arte, da literatura, da vida, do exemplo prático. Vivemos hoje um tempo inquietante e imprevisível em que a ignorância, com a sua arrogância própria, assumiu o poder. Olhando apenas as horas tudo parece seguir o seu caminho. Mas, se olharmos as décadas, o tempo vagaroso, denso, dos gestos e das suas consequências, o que vemos são os variados e colossais perigos da história humana feita impulso em vez de pensamento, feita grito no lugar da cadência. Vivemos o tempo da pulsão, cega e repetitiva. Perdemos não só o distanciamento inerente à erudição como, infelizmente, a tranquilidade do saber, próprio ou transmitido. A ironia é essa mesmo. Numa época da História em que mais precisamos de conhecimento somos governados pelo sucesso vácuo da ignorância. Não são já as notícias que são falsas, é toda a realidade. Quando o porta-voz da Casa Branca afirma que Hitler não usou armas químicas é o nosso próprio futuro que se perde.

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