terça-feira, 11 de abril de 2017

Café Royal XIV

A vã glória…

Porque homenageamos pessoas? Porque exaltamos, de entre todos, alguns de nós? E de que forma o fazemos e com que intuito? O gesto honorífico, assuma ele a forma que tiver, é, ou deveria ser, uma valorização dos indivíduos que por mérito se superaram e cujo exemplo queremos recordar. Nas mais diversas áreas, das mais diversas formas, da arte à ciência, da bravura à abnegação, contribuindo assim para o engrandecimento de todos nós. Desde tempos imemoriais que só as figuras cimeiras se destacavam. O guerreiro, o feiticeiro, a mãe, e não necessariamente por esta ordem, foram os primeiros merecedores de exaltação, destacando-se assim nas hierarquias sociais. Mas, nesta era do efémero, já nada se sobreleva e tudo ou qualquer um pode ser homenageado. Damos comendas a arguidos de corrupção, nomes de ruas a pessoas vivas, multiplicamos pequenas honrarias em que nem escapa o cão. Numa sociedade supostamente republicana, obrigaria a ética que as prebendas fossem parcimoniosa e prudentemente ofertadas. Celebrarmos os nossos maiores é um gesto de civilização. Despender excitadamente honras, como quem faz likes no Facebook, é vulgarizar esse gesto e ridicularizar os próprios sujeitos da homenagem seja ela o batismo de um aeroporto ou o pífio branding de um avião.

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