quinta-feira, 16 de março de 2017

Café Royal XI

Da História…

Após o sonho adolescente de querer ser cineasta dei por mim a frequentar os bancos de um curso de História. Devo confessar que o meu zelo académico era reduzido, passei mais horas nas mesas da Tasca d’O Lagarto do que nas cadeiras da faculdade, mas o gosto intrínseco pelos livros tornou-me a licenciatura relativamente fácil. Estudar História é um bom fundamento para olhar o mundo. Perceber as entrelinhas dos atos dos homens permite olhar para lá da mera manchete dos acontecimentos. Quem olhe em seu redor procurando compreender o seu tempo, o seu mundo, mesmo não ligando à sucessão e encadeamento dos eventos, não pode deixar de compreender o quão iminentemente frágil é o nosso momento na História. A instabilidade política global, o descrédito das instituições, o alheamento dos cidadãos, a emergência dos populismos, a clivagem religiosa, a desagregação geoestratégica, um pouco por todo o lado se pressente a ruína do tempo histórico. Marx postulou que a História se repetia, primeiro como tragédia, depois como farsa. Quem siga os vários telejornais do dia, com o olhar assente nas lições do passado, não pode deixar de sorrir ao constatar que vivemos de facto na iminência da tragicomédia. Como se usa dizer – é rir para não chorar.

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